"Eu e a Vera retornávamos de férias de Florianópolis. Na entrada de Curitiba tinha um longo congestionamento. Diversos vendedores ofereciam sacos de jabuticabas.
A Vera perguntou para um deles:
Estão boas?
Ele respondeu:
Sim minha senhora. Estão deliciosas.
Ela disse:
Quero um saco.
E completou:
Quanto custa?
Ele respondeu:
Custa R$ 4,00.
Ela pegou o saco de jabuticabas e pagou.
Comemos as jabuticabas que estavam realmente uma delícia.
Em seguida eu questionei a Vera e lhe falei:
Você não sabe negociar. Nunca se compra do primeiro e nunca se aceita a primeira oferta.
Joguei sobre ela todas as minhas teorias de negociação.
Ela acabou concordando que eu estava certo.
Para mostrar melhor os meus conhecimentos, resolvi comprar também jabuticabas.
Num outro grupo de vendedores, mais à frente na fila, chamei um deles e perguntei:
Quanto custa o saco?
Ele respondeu:
Dois sacos por R$ 5,00.
Ofereci minha contraproposta e finalmente chegamos a um acordo.
Três sacos por R$ 5,00.
As jabuticabas estavam todas estragadas. Não conseguimos comer.
Como a fila tinha andado, eu não consegui voltar para brigar com o vendedor. Só xinguei, mas em pensamento para que a Vera não percebesse que estava tão humilhado.
Ela riu muito...
Na verdade, a pergunta da Vera levou a negociação diretamente para um campo de cooperação e confiança mútua. A minha pergunta levou para um campo de disputa. Quem levaria mais vantagem?
Mas existe algo mais profundo:
A intenção da Vera atraiu a pessoa adequada ao seu relacionamento.
A minha também, infelizmente.
Como bom estrategista fiquei bicudo de Curitiba até São Mateus do Sul. Não falei mais uma palavra."
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