"Conta-se que Teresa D' Ávila, em uma de suas viagens pela Espanha, cujo objetivo era abrir novas casas da Ordem das Carmelitas Descalças, foi surpreendida por uma tempestade. Os ventos e a chuva se fizeram presentes rapidamente, no momento em que ela atravessava uma ponte bastante frágil. Percebendo como a ponte sacudia e também o volume das águas do rio que crescia, ela se apavorou e suplicou a Jesus que a protegesse. O vendaval continuou e ela, com imenso esforço, conseguiu alcançar a outra margem. Molhada, cansada e nervosa, constatando que a chuva prosseguia torrencial, reclamou: É assim que o Senhor trata àqueles que O amam? Mas, logo depois, reflexionando um pouquinho, falou baixo: É por isso que são bem poucos aqueles que O amam. Provavelmente, as palavras da monja são verdadeiras. Ela conhecia o quanto de esforço se exige daqueles que desejam fazer o bem, semear luzes nas consciências e espalhar consolo. Para ela, naquela época medieval, bem mais difícil, tendo que lutar com a ignorância e o fanatismo dos homens. Contudo, jamais desanimou, não desistiu nem se frustrou. Mesmo quando o corpo doente se dobrava ao cansaço, pelos sacrifícios que se impunha, ia adiante, decidida. O exemplo de Teresa D' Ávila bem nos serve. Reclamamos, quando nos encontramos servindo aos necessitados, das condições e das asperezas das tarefas. Reclamamos que aqueles a quem atendemos, doando do nosso tempo e das nossas horas de lazer, de descanso, se mostram mal agradecidos e sempre exigindo mais. Reclamamos das crianças pobres que se mostram mal educadas e agressivas. Reclamamos dos doentes que, mesmo privando da nossa presença e dos pequenos mimos que lhes levamos, continuam depressivos e desanimados. Apontamos as falhas dos serviços da creche, do velhanato, do asilo ou do hospital em que servimos, de forma voluntária, dizendo de como a administração não colabora em nada para a realização daquilo que nos propomos. Reclamamos e nos desanimamos, chegando a abandonar a tarefa. As tarefas do mundo, sempre que interrompidas, podem ser recomeçadas. No entanto, aquelas que têm por objetivo iluminar vidas, quando abandonadas, deixam marcas nas almas. Importante, pois, seguir no propósito de fazer o bem, recordando Jesus."
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