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Para entender como Stanford se transformou no cérebro do Vale, é preciso relembrar um personagem chamado Leland Stanford, um filho de fazendeiro que se tornou empresário, político (foi governador da Califórnia) e depois ele próprio um dono de terras e criador de cavalos nos EUA.
Trata-se de um empreendedor visionário que, em 1852, em plena corrida do ouro, mudou-se do estado de Nova York para o condado de Eldorado, na Califórnia, onde seus cinco irmãos já tinham montado uma promissora empresa de equipamentos para mineração de ouro. Ele foi
Nos anos seguintes, Leland se transformou num empreendedor de grande porte – foi construtor de ferrovias – e com sede de conhecimento. Era muito interessado por máquinas, história e natureza e estudou idiomas e matemática com professores particulares.
Mais de duas décadas depois, em 1876, Leland e sua esposa, Jane, buscavam um retiro no campo para criar cavalos e também para que o filho, Leland Stanford Jr, fosse criado ao ar livre. Compraram então 650 acres no Rancho San Francisco e montaram a Fazenda de Gado Palo Alto. Depois adquiriam outros terrenos e levavam um estilo de vida glamouroso, o que levava os jornais e a comunidade a considerar o casal “a realeza de seu tempo”.
A história tomou um rumo inesperado quando o pequeno Leland Stanford Jr morreu, em 1884, vítima de febre tifoide. Arrasados, os pais decidiram levar adiante um plano antigo de usar parte de sua fortuna em projetos filantrópicos.
O presidente da Universidade Harvard, Charles Eliot, sugeriu a criação de uma universidade do oeste, e os Stanford investiram US$ 5 milhões na iniciativa. Dessa forma, a Leland Stanford Jr, gratuita, abriu as portas em 1º de outubro de 1891 para 555 alunos e 15 professores. Nos anos seguintes, a instituição conseguiu atrair docentes de renome mundial, o que por sua vez atraiu outros acadêmicos de destaque.
Aproximação entre universidades e as empresas
Os anos se passaram até que, em 1925, um homem chamado Frederick Terman se tornou diretor da Escola de Engenharia. Em 1955, ele foi nomeado reitor e exerceu papel central no fortalecimento de uma cultura empreendedora e do ecossistema de negócios e inovação que está na base da formação do Vale do Silício.
A Netflix é uma das empresas que se desenvolveram com o apoio de Stanford
Isso porque Terman estimulava alunos e professores a montar suas próprias empresas. Antes mesmo de se tornar reitor, ele criou, em 1946, o Parque Industrial Stanford, que foi a base para a aproximação entre a universidade e a indústria. “Nenhuma outra universidade alocou ou manteve essa quantidade de terra para o crescimento industrial”, escreve Deborah no livro. “Ela arrendou terras para empresas em desenvolvimento, como a Hewlett-Packard, General Eletric e Lockheed, e hoje o Parque de Pesquisas Stanford, como é conhecido, abriga cerca de 150 empresas”.
Ambiente de colaboração
Além disso, Terman incentivou os professores a atuar como consultores pagos para corporações, num outro impulso de aproximação entre academia e o setor privado. Sua visão era a de que isso não apenas ajudaria os docentes a se manterem atualizados sobre as necessidades das empresas como também seria um instrumento para facilitar o financiamento de pesquisas e parcerias para os alunos. Essa estratégia é vista hoje pelo corpo docente de Stanford como a contribuição mais importante para o “ambiente acadêmico-empreendedor” de Stanford e do Vale.
O resultado disso é que a universidade é hoje o “bastião da inovação, ajudando a criar quase seis mil empresas altamente inovadoras”, segundo Deborah.
Entre as companhias cuja tecnologia ou plano de negócios foi desenvolvido em função de pesquisas em Stanford estão Cisco, eBay, Eletronic Arts, Linkedin, HP,Google,Netflix, Nvidia, Logitech, Sun e Tesla Motors, entre outras."
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