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Foto do escritorJulio Cesar França Franco

Noventa minutos


"O que você faria se descobrisse que só tem uma hora e meia de vida? No filme O que fazer?, o advogado Henry Altmann descobre que tem um aneurisma cerebral e apenas noventa minutos de vida. Abalado, vai até o escritório onde trabalha com seu irmão, interrompe uma reunião e pergunta aos presentes o que eles fariam se tivessem uma hora e meia de vida. Seu irmão diz que iria ao templo para orar. Um cliente diz que faria amor com sua mulher. Altman pensa em seus últimos anos, nos erros cometidos e no quanto se afastou da família. Corre para casa planejando se reconciliar com a esposa, mas seus planos não dão certo. Telefona para o filho, com quem não fala há dois anos. Porém, ele não o atende. O advogado havia se tornado um homem amargo e irritadiço, desde a morte de seu caçula. Brigara com o primogênito quando ele decidira parar de advogar para abrir uma escola de dança. Agora, desejava, desesperadamente, dizer ao filho o quanto o amava. Depois de muitas reviravoltas, Altmann, finalmente, consegue se reconciliar com ele e com a esposa, antes de partir. * * * Um dia, a morte baterá à nossa porta. Só não sabemos quando, onde e como. E há uma razão para isso: para vivermos e tentarmos fazer o nosso melhor a cada dia. No entanto, muitos de nós evitamos fazer no dia de hoje o melhor que poderíamos, deixando para depois. Deixamos para o próximo fim de semana a visita a um parente doente, ou aos pais idosos. Deixamos para outro dia a declaração de amor ao ser amado, ou aos filhos. Deixamos para o mês que vem o passeio com a família. Quando confrontados com a finitude de nossas vidas, nos damos conta do pouco tempo que resta para sermos felizes e realizarmos coisas simples, que poderíamos ter feito, mas não fizemos. Não devemos esperar a iminência da morte para realizarmos o que queríamos ter feito: amar, buscar a reconciliação e o perdão. O que difere as pessoas que não temem a morte das que a temem é a forma como conduzem suas vidas. Aquelas que vivem fazendo a cada dia o seu melhor, sabendo que levarão consigo o bem que concretizaram, vivem sem medo da hora da partida. As que não encaram a morte como o fim, e sim como uma passagem para uma dimensão em que os tesouros do amor, do perdão, da bondade são determinantes para a felicidade, encaram o desenlace do corpo com mais serenidade. Aquelas que ignoram as Leis naturais, que vivem para si, entesourando bens que nada valem no além-túmulo, se veem esvaziadas quando se deparam com a proximidade da morte e temem o que durante suas vidas se esforçaram por ignorar. Para essas, a morte significa o fim, a destruição de tudo o que construíram. Focadas em coisas materiais, se angustiam em abrir mão do que consideram importante. E quando a proximidade da morte abre seus olhos para a relatividade das coisas, creem não haver mais tempo para o que realmente importa. Mas a justiça Divina é generosa e sempre haverá tempo para o amor, o perdão e a caridade. Mesmo que restem apenas noventa minutos!"

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